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Shakira HairNo making of de um show da Shakira há uma passagem que acho ótima (pausa para assumir o lado obscuro da força – sim, eu tenho um DVD da Shakira). Em dado momento, no backstage de um show, ela olha para o próprio cabelo, puxa uma mecha da franja platinada e opaca e traça um monólogo com o espectador:

– Esse cabelo deveria chegar até aqui (faz com a outra mão uma medida que alcança o dobro do tamanho da mecha loira). Mas ele estava tão preto e tive que descolorir quatro vezes até ficar loiro desse jeito… (olha para a câmera e termina com cara de desdém) Cabelo cresce!

Durante um tempo eu e uma amiga adotamos a última frase como chavão, pois fazia boa analogia com o momento pelo qual passávamos. Ambos saíamos de histórias sentimentais meio conturbadas e andávamos de bode, mas sabíamos que a fase era transitória. A vida se reajustaria, afinal, cabelo cresce.

Apesar do deboche, no fundo a frase é esperançosa. Seja ela uma metáfora para a visão de dias melhores ou uma ponderação literal. Mesmo quando você fode dicunforça com a cabeleira feito a cantora fez, fios saudáveis voltam a surgir.

Hoje a expressão ficou na lembrança e o cabelo efetivamente cresceu. Os fios da Shakira voltaram a ser loiros e sofridos pois tem gente que não aprende. Mas os meus e os da minha amiga vão muito bem, de todas as formas possíveis.

Metade das expressões que nascem em viagens de réveillon com amigos têm origem impublicável. Outra metade carrega uma história tão específica e detalhada por trás que é melhor manter como piada interna. Uma pequena parte é adicionada ao rol dos verbetes constantes da turma, fazendo outsiders boiarem em certas conversas. O destino da grande maioria delas, porém, é sumir do vocabulário depois de certo tempo.

You are uó foi embora. Mas daí dia desses reapareceu, prontamente ressuscitada a partir da caixa preta de 2006. E ainda que o cenário seja novo, a aplicação e a eficiência se mantêm.

confused

Andei testando, passei adiante e me diverti com os resultados. Ao ouvir a expressão, logo de cara o interlocutor fica meio confuso com tanto som de vogal amontoado. Nem percebe que está sendo gongado. Dependendo do caso, convém explicar (com uma pronuncia mais pausada a pessoa já pesca o sentido). Contudo, em outras situações a graça da história está exatamente em deixar os esclarecimentos de lado e fazer da frase uma observação perceptível apenas a quem interessa. Afinal nem sempre a comunicação tem como objetivo a inclusão… não é?

Glen Close concorda.

Marcio Ramos

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